Luca Argel e a mãe, Filomena Chiaradia, foram os convidados do programa “Uma questão de ADN”. O encontrou foi exibido no dia 15 de novembro de 2020, na TSF Rádio, em Portugal.
A conversa fluiu descontraída com muitas revelações e samba, claro! Mãe e filho, por exemplo, estudaram no mesmo colégio, na mesma Universidade (a Unirio). Eles, inclusive, frequentaram o mesmo campus juntos. Luca na licenciatura, a mãe no doutorado em Artes Cênicas. Filomena Chiaradia, chegou a fazer aulas de canto, e numa prova preparou até uma das músicas do filho.
Depois disso, cada um seguiu o seu caminho, mas…
Percebe-se que muito do gosto apurado de Luca por bons compositores (composições) e músicas tem o porque do DNA (e influencia) de Filomena!
Luca Argel nasceu no Rio de Janeiro, mas descobriu o samba no Porto. Brasileiro da Tijuca é mestre de Literatura e sambista de convicção. Durante o papo – com sotaques misturados – ele tocou violão enquanto a mãe contava saborosas curiosidades. Atualmente, Filomena Chiaradia Lisboa viaja pelo acervo fotográfico de José Marques, adquirido pelo Teatro Nacional Dona Maria II, num projeto chamado Rossio.
Já o filho – que há oito anos vive em Portugal – se prepara para lançar em 2021 o álbum Samba de Guerrilha. O clipe do primeiro single ‘Almirante Negro‘ já foi lançado! Sobretudo nele, Luca faz uma releitura do clássico ‘Mestre Sala dos Mares’, obra prima do saudoso Aldir Blanc e João Bosco.
Uma homenagem mais que merecida aos compositores João Bosco e Aldir Blanc começou a navegar pelo mar da internet em novembro. A reverência vem através das ondas sonoras e visuais do videoclipe de animação Almirante Negro (O Mestre-Sala dos Mares).
O single faz parte do novo álbum Samba de Guerrilha, do cantor e compositor Luca Argel. A música relata sobretudo um dos episódios mais representativos da resistência negra no Rio de Janeiro, a Revolta da Chibata. Além disso, é uma homenagem também ao seu líder, o Almirante Negro João Cândido.
“O objetivo é mostrar o samba como um elemento de resistência, de registro histórico e como um fio, que une várias culturas existentes no Brasil”, diz Luca, que já mora em Portugal há oito anos.
Versão sem cortes e sem censura
Desta vez a canção de João Bosco e Aldir Blanc aparece com a letra original, portanto, sem a intervenção da censura do início da década de 70.
A animação tem a direção de Anderson Cruz. O diretor é um dos responsáveis pelas animações de Irmão do JoreleTromba Trem. No videoclipe, Átila Bee interpreta a histórica carta de exigências da revolta. O ator interpretou o próprio João Cândido, recentemente, no espetáculo Turmalina 18-50, sobre a história de vida do “Almirante Negro”.
“A partir do samba é possível contar muitas histórias e resgatar personagens míticos como o Almirante Negro João Cândido, que se tornou um bravo representante da resistência negra”, pontua Luca Argel.
A princípio, o crítico musical conta as novidades sobre o repertório escolhido para a obra digital. A reportagem destaca que Samba de Guerrilha “foi concebido com a intenção de contar um pouco da história do Brasil através do ritmo centenário que identifica o país no mapa-múndi musical”.
“O objetivo é mostrar o samba como um elemento de resistência, de registro histórico, e como um fio que conecta várias culturas existentes no Brasil”, pontua Luca Argel
Salve o Almirante Negro
E, em conclusão, Samba de Guerrilha já dá a sua mensagem! Tanto que o destaque da entrevista é o single e clipe de Almirante Negro (filmado em animação) , regravação do clássico ‘Mestre Sala dos Mares’, de João Bosco e Aldir Blanc. A música fala sobre a Revolta da Chibata, um motim naval no Rio de Janeiro.
Não à toa Luca Argel escolheu a data em que o evento completou 110 anos para lançar a música. Então, além de homenagear os compositores, o cantor também promove uma justa lembrança ao líder da revolta, o marinheiro João Cândido.
Durante entrevista para Rádio Observador, de Portugal, Luca Argel fala sobre a despedida do álbum Conversa de Fila e os planos para o novo álbum, Samba de Guerrilha. Participam ainda do encontro Nelson Ferreira, Carla Jorge de Carvalho, Judite França e Paulo Ferreira.
Além do mais, o cantor – que é brasileiro, mas há alguns anos adotou o Porto como lar – também declarou o seu amor pelos dois países.
“A dualidade Brasil Portugal mais que me inspira. Ela me dá assunto e ferramentas. É uma posição que eu aprendi a gostar de estar, neste meio do caminho. Estar aqui em Portugal há muito tempo mas ao mesmo tempo manter toda minha conexão com o Brasil”, esclarece Luca Argel.
A coluna Visão Sete, do Portal Sapo, de Portugal, classifica Conversa de Fila como um álbum ‘leve e informal’. Além disso, a matéria destaca que o terceiro disco autoral de Luca Argel traz uma uma “profundidade escondida, que se revela a cada nota e a cada verso”.