Em 2023, “Sabina”, mais recente disco de Luca Argel, conquistou as editorias da Blitz, Expresso, e Observador como um dos álbuns mais destacados em Portugal em 2023.
Em reportagem do Observador, Luca Argel destaca-se entre os principais artistas em Portugal que têm construído um repertório de contestação nos últimos anos.
“Sabina era negra. Sabina era branca. Sabia era vendedora de laranjas, mas ficou sem a sua quitanda. Sabina, na verdade, chamava-se Geralda. Sabina é passado e presente espremidos pela mão de Luca Argel, que de um episódio contido no tempo propôs uma reflexão sobre os nossos traumas que ainda não foram ultrapassados. Assim nasceu Sabina, o álbum, quarto da carreira a ser apresentado, como todos os anteriores, na quarta-feira de cinzas, este ano assinalada a 22 de fevereiro.”
“O propósito principal do Samba de Guerrilha é ser portador de uma mensagem, de várias mensagens, na verdade, que dizem respeito não só ao samba, mas, principalmente, à sociedade, de uma forma geral”, assim Luca Argel apresenta Samba de Guerrilha ao Observador.
Na entrevista conduzida por Flávia Brito, o cantautor revela o processo de construção do novo álbum . Sobretudo, destaca as mensagens passadas pelas músicas, os novos arranjos e participações especiais.
“Acho que este álbum tem uma característica diferente de qualquer coisa que eu já tenha feito, que é essa coisa da narração”, explica Luca.
A publicação diz, ainda, que a obra de Luca Argel leva os ouvintes numa viagem através da centenária história do samba ao falar sobre o combate ao racismo, à escravatura e às desigualdades no Brasil.
Lançado no último mês de fevereiro – nas plataformas online e, fisicamente, em formato de jornal – Samba de Guerrilha é um álbum conceitual de regravações. Entre clássicos do samba, assume uma narrativa com arranjos reinventados, eletrificados e suingados.
Segundo o Observador, Samba de Guerrilha não se assume apenas como um disco, mas sim uma obra que reúne múltiplas expressões artísticas em si.
“… a sociedade brasileira como um exemplo, como um estudo de caso, mas que pode servir de aprendizagem para qualquer outra sociedade que tenha na sua história essa experiência da escravatura, a experiência da colonização, a experiência da diáspora, de ter cidadãos oriundos de uma diáspora”, conclui Luca.
Durante entrevista para Rádio Observador, de Portugal, Luca Argel fala sobre a despedida do álbum Conversa de Fila e os planos para o novo álbum, Samba de Guerrilha. Participam ainda do encontro Nelson Ferreira, Carla Jorge de Carvalho, Judite França e Paulo Ferreira.
Além do mais, o cantor – que é brasileiro, mas há alguns anos adotou o Porto como lar – também declarou o seu amor pelos dois países.
“A dualidade Brasil Portugal mais que me inspira. Ela me dá assunto e ferramentas. É uma posição que eu aprendi a gostar de estar, neste meio do caminho. Estar aqui em Portugal há muito tempo mas ao mesmo tempo manter toda minha conexão com o Brasil”, esclarece Luca Argel.