newsletter #15

EU VOU DEFINITIVAMENTE COMPRAR O GAME BOY!

Quando eu era muito novinho, escrevi esse bilhete pros meus pais.

Bilhete escrito a mão por uma criança, dizendo: "Eu vou definitivamente comprar um game boy! E ninguém vai me impedir. Assinado: Luca.

É um bilhete sério, firme, quase ameaçador. Mas por que tanta determinação em comprar um GameBoy?

Foi culpa do Levi. Nós estudamos juntos na escola. Por onde andará o Levi? Um dia ele trouxe na mochila uma revista Nintendo World e ficou lendo no recreio. Logo se formou uma rodinha curiosa em volta dele. Quando já tinha bastante gente por perto, ele abre um poster que vinha dobrado dentro da revista. E no momento em que eu coloquei os olhos naquele poster, senti no meu coraçãozinho de criança que a vida nunca mais seria a mesma. O poster era este aqui:

Poster com os 151 primeiros Pokémon

Naquela mesma semana tinha começado a passar o desenho animado de Pokémon na TV aberta. Fiquei vidrado. Empolgadíssimo pelo desafio de conhecer cada criaturinha daquele bestiário interminável (151 era um número interminável!), e me encantei também, hoje percebo, pelo portento de design e imaginação que é essa franquia. Cores, formas, barulhos, violência gratuita e merchandising caro. Todos os ingredientes pra uma criança se apaixonar. A partir daí meu sonho dourado passou a ser jogar Pokémon. Colecionar os meus próprios bichos. Só que pra isso eu precisava de… um GameBoy.

Tentei toda forma de chantagem com meus pais. Aquele bilhete foi só uma delas. Mas era um brinquedo caro demais, e apesar da minha obstinação, nunca ganhei o meu. Digo com tranquilidade que esse foi um dos grandes traumas da minha vida. E claro, quando você não realiza coisas da infância na idade certa, carrega pra idades mais avançadas.

Corta para 21 anos depois. Pandemia. Com tempo de sobra, baixei o Pokémon Go no smartphone, e fiquei colado. Ainda um bom tempo depois do fim da pandemia eu continuei jogando, até enjoar. Lembro exatamente quando peguei meu primeiro Bulbassaur, ali em frente ao Silo Auto, no Porto. Que emoção. Que sonho realizado. Bulbassaur é meu Pokémon favorito. Sou tradicional. Quando começaram a inventar novos bichos, depois dos 151 da primeira geração, eu confesso que torci o nariz. Pra que mais Pikachus?! Mas depois a gente se acostuma com eles, e até gosta. Eu acho uma gracinha, por exemplo, o Rowlet, e o Komala, e o Mimikiu, que são todos já da 7ª geração. Também adoro Heracross (da 2ª) e o Mudkip (da 3ª). E o Togekiss (da 4ª), que virou um companheiro fiel no meu time de batalha.

Esses nomes, tirando o eventual Pikachu, são grego pra quem não jogou nem viu os desenhos, eu sei. É mais ou menos como meus pais deviam se sentir quando eu era mais novo. E é sobre esse descompasso geracional que eu quis falar (saltando agora para o verdadeiro assunto dessa newsletter) numa das minhas canções mais ouvidas: Anos Doze. Se você está aqui, provavelmente já ouviu esse sambinha que gravei no Conversa de Fila. E talvez até já saiba que a Pri Azevedo recentemente escreveu o arranjo definitivo pra essa música. E nós gravamos. Falando sério, seríssimo. A Pri é da turma que nunca jogou um Super Mario na vida. Mas eu passei as referências. Mostrei as músicas clássicas do GameBoy. E ela simplesmente jogou tudo no liquidificador, com o balanço do samba, e saiu essa versão. Já está nas plataformas todas, acabadinha de lançar.

Capa do single Anos Doze. Fotografia de Luca Argel e Pri Azevedo sorrindo.

Agora, pra vocês que assinam a newsletter, só pra vocês, eu vou mostrar um pouco mais. Essa música faz parte de um disco novo que eu e a Pri gravamos durante esse ano, e todo nosso trabalho em estúdio foi filmado. Com essas imagens eu estou produzindo um minidoc, dividido em 5 capítulos, que conta a história das músicas, e um pouquinho das nossas próprias histórias também. No primeiro episódio, por exemplo, eu falo dessa minha saga do GameBoy, e de como eu conheci a Pri, e de como nasceu uma outra música que também está no disco, “Lampedusa”. Esse primeiro episódio ainda não saiu oficialmente. Mas pra vocês, só pra vocês, que estão mais próximos aqui na newsletter, eu vou mostrar.

ANTES QUE EU ME ESQUEÇA

A bilheteira para o concerto de apresentação do novo disco no Porto já abriu! Vai ser só em novembro, mas o tempo voa, e quanto antes puderem garantir lugar, melhor! A de Lisboa abrirá em breve, eu aviso por aqui na próxima newsletter, deixem comigo.

Até lá ainda tem muita coisa pra acontecer. Na agenda de setembro voltamos a girar Portugal, do sul ao norte:

Ilha da Culatra – dia 6: Concertos ao entardecer – 18h30
Fortaleza de Sagres – dia 8: Concertos ao entardecer – 17h30
Oeiras – dia 14: MAP – Mostra de Artes da Palavra (Templo da Poesia), conversa e leitura – 16h / 21h30
Lisboa – dia 19: Festival Alecrim (Casa do Jardim da Estrela), showcase – 19h
Porto – dia 28, com Samba Sem Fronteiras: Festa do Outono – Serralves

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